CINZA DOS OSSOS
*
Cão Sem Dono
Hoje,
Eu não consigo ler poesia
E suspiro exausto com o livro
De qualquer poeta.
Hoje,
Eu não alugo a minha cabeça
Para aturar o porre de ninguém
E me fecho como aranha
Que prepara o bote
Pra pegar a mosca
Desatenta que a rodeia.
Hoje,
Eu não consigo ficar parado
Olhando a paisagem
Entumecida de contradições
À espera de mudanças no cenário.
Hoje,
Eu não vou esperar que as pedras
Rolem pelo caminho em busca do limo
Até encontrarem-se ao sabor do acaso,
Se acaso existe...
Hoje,
Eu tenho que sair danado
Sem bagagem e despedida
Como um cão sem dono
E farejar o mundo
Atrás de um osso pra roer.
*
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