quarta-feira, 1 de abril de 2015

Loucos Da Praça Da República / CINZA DOS OSSOS * Antonio Cabral Filho - Rj

CINZA DOS OSSOS
*
                        
Loucos da Praça da República

Deles as palavras saltam
           Diretas sem medo sem rodeios
                      E vão fluindo vulcanicamente.

Um redemoinho de sensações
           Aflige diferenças e indiferenças
                      E tudo parece confluir em torno deles.

Não conhecem a arte de inventar as histórias
            Que falam de um mundo real
                       Sem alegorias nem vãs glórias
Mesmo que por ora possam chocar.

Aos poucos vão construindo um fio da meada,
          Vão dando forma ao outrora apenas louco.
Suas inquietudes fazem-nos descobrir tudo ao seu redor
          E até achar tudo isso muito normal:

O relógio quebrado e sem ponteiros,
         A roda de loucos entretidos no centro da praça,
                     A multidão apressada que surge sem rumo,

E tudo isso interligado pelo único elo possível
          Neste tempo de pressa:
                     O imperativo verbo ignorar.

***

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