CINZA DOS OSSOS
*
Loucos da Praça da República
Deles as palavras saltam
Diretas sem medo sem rodeios
E vão fluindo vulcanicamente.
Um redemoinho de sensações
Aflige diferenças e indiferenças
E tudo parece confluir em torno deles.
Não conhecem a arte de inventar as histórias
Que
falam de um mundo real
Sem alegorias nem vãs glórias
Mesmo que por ora possam chocar.
Aos poucos vão construindo um fio da meada,
Vão
dando forma ao outrora apenas louco.
Suas inquietudes fazem-nos descobrir tudo ao seu redor
E até achar tudo isso muito normal:
O relógio quebrado e sem ponteiros,
A roda
de loucos entretidos no centro da praça,
A multidão apressada que surge sem rumo,
E tudo isso interligado pelo único elo possível
Neste
tempo de pressa:
O imperativo verbo ignorar.
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